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Meu Presente de Natal!

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Quando acordei no dia 25 fui até a árvore de natal ver se tinha algum presente para mim. Uma caixa com meu nome me chamou a atenção. Era vermelha e com dizeres em letras garrafais: ABRIR APENAS NO DIA 31 DE DEZEMBRO. Como ainda acredito em Papai Noel achei melhor manter a caixa fechada e deixar o bichinho da curiosidade me remoer por longos seis dias.

Enfim chega o esperado dia, após noites e noites a rolar pela cama, quase quebrar o trato firmado com o bom velhinho e abrir a caixa antes, eis que me encontro frente a frente com meu presente. Desamarro a fita que a envolvia e retiro a tampa bem devagar esperando o pior. Um dragão baforando chuva acida saindo pela caixa, ou então o Sergio Malandro gritando “RÁÁÁÁÁÁÁÁ PEGADINHA DO MALANDRO” e toda a minha família em volta rindo da minha cara de tacho.

Mas nem se tivesse o Ninja Preto Canibal do Piauí dançando o Gangman Style o meu espanto teria sido maior. O tão esperado presente era um kit banho composto por sabonete, shampoo, cotonete, escova de dente e toalha. Senti-me mais imundo que o Cascão. Logo pensei “Esse Papai Noel deve estar de palhaçada”. Entrou na era das pegadinhas. Ou então o alemão esta fazendo a cabeça dele e ele confundiu os presentes. Nem um cartão ou o manual de instruções sobre o kit ele deixou. Tomo banho todos os dias, até uso perfume. Contrariado e sem contar nada a ninguém corri para o banho com meu mais novo presente. Já que ganhei irei usar, pensei.

Abri o chuveiro, esperei a água esquentar e colocando primeiro a metade direita do corpo para me acostumar com a temperatura da água, e começo o meu banho. Pego o frasco que esta escrito apenas: shampoo. Uma embalagem pequena onde se lê apenas: Utilizar apenas uma vez. Sem pensar abri e despejei o conteúdo na minha cabeça. Percebo que todos os pensamentos negativos e ruins que me atormentavam começam a deixar a minha mente e escorrer pelo ralo junto com a espuma. Planos e ideias novas brotam em minha cabeça e já começo a me animar com o ano que está para chegar.

Em seguida, já animado pelo primeiro acontecimento, pego o sabonete e passo a esfrega-lo pelo corpo e sinto toda aquela carga pesada de energias que estavam impregnadas irem embora e uma enxurrada de novas energias me invadirem e iluminar o meu corpo. O sabão cai em meus olhos, mas não arde, em vez disso, tira todas as visões distorcidas e deturpadas que eu tive no ano que passou e me dá um foco novo. Um olhar mais intenso e mais claro para que eu possa sempre seguir em frente.

Com o cotonete levo embora tudo àquilo que me falaram e que não presta, mas que se alojou em meus ouvidos. Toda aquela sujeira preta e imprestável se vai e agora tenho uma audição apurada para ouvir apenas aquilo que me fará bem. Para encerrar o banho uma toalha fofa e macia me aguarda e me envolve com calor, um verdadeiro abraço de mãe, que me revigora e faz estar pronto para o novo ano que se inicia.

Assim abro a porta e deixo o vapor do banheiro para trás, junto com os presentes que se vão e corro para janela a tempo de ver o último pôr do sol do ano que nos deixa e agradecer o maravilhoso presente que o bom velhinho me deu.

Feliz 2013 a todos!

Reflexões Em Um Estádio de Futebol!

Estádio de futebol. Lugar de celebração, festa, alegria. Emoções que transbordam antes da bola rolar. Ontem fui pego de surpresa por uma amiga que não poderia ir ao jogo do Corinthians e me presentou com o seu ingresso.

Lá fui eu rumo ao Pacaembu, que por tantas vezes estive, sempre acompanhado por meu pai, ou amigos, iria desta vez encara-lo sozinho. Já fiz isso algumas vezes, mas ontem, o jogo acabou se tornando secundário. Passei a prestar atenção em cada reação minha durante a partida. Cada vez que comemorei um gol, os aplausos, as vezes que cantei com a torcida, as vezes que falei sozinho, que sorri, que olhei ao redor para me encontrar na multidão. E eu estava lá. Não estava só, não era único que estava assistindo ao jogo sozinho. Cada um com seus motivos, mas sem máscaras, os sentimentos se afloram, e naquele momento você se torna indivíduo no meio da massa. Você não faz mais parte dela.

É engraçado, pois a grande maioria está acompanhada, então não se permite exteriorizar os sentimentos, por medo, vergonha ou qualquer outra coisa que irá sentir de quem o acompanha. Mas quando se está só isso não existe. O momento é de total reflexão e comunhão com aquele acontecimento. Nào importa o resultado da partida, mas sim como aquele acontecimento poderá mudar a sua vida.

Hoje acordei feliz, não pela vitória, mas pela conquista de mais um tijolo na construção de mim mesmo.

O Pequeno Mark.

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Era uma vez um menino chamado Mark. Único filho homem em uma casa cercada de mulheres. Eram três irmãs mais a sua mãe. Como era o caçula o pequeno Mark sempre sofreu na mão das meninas, tinha que brincar de casinha, salão de beleza e todas essas coisas, sempre sendo a cobaia, provando a gororoba que elas preparavam ou então sendo maquiado e tendo o cabelo escovado e penteado quase que diariamente.

Na escola não tinha amigos. Sempre foi muito reservado e gostava de estudar, por isso aprendeu a recitar poesias e a falar cinco idiomas, dentre eles o hebraico e o latim. Por seu comportamento tímido sofria bullying de seus colegas de classe, tinha seu lanche roubado todas às manhãs e chorava escondido. Após anos sofrendo com isso, prometeu vingança a todos, suas irmãs, colegas de escola e qualquer um que o fizesse sofrer.

Quando teve contato com um computador pela primeira vez, foi paixão a primeira vista, mas como todo caso de amor, não foi fácil, o pequeno Mark sempre era o último da casa que podia fazer seus desenhos no Paint ou escrever textos no Word, suas irmãs passavam horas jogando Paciência e o coitado tinha que ficar apenas esperando a sua vez para poder encostar no mouse. Assim que todos da casa dormiam, ele ia até o escritório para enfim poder ter alguns minutos de tranqüilidade e desfrutar daquela maravilha tecnológica. Foi assim, nas madrugadas frias e quietas que aprendeu a programar e desenvolver softwares. Então percebeu que através do computador o seu plano de vingança enfim a tomaria forma.

Todas as suas frustrações de criança enfim sairiam do papel. O pobre Mark nunca teve um jogo de tabuleiro, pois não tinha com que jogar. Sempre quis ter um War, um Banco Imobiliário, um Jogo da Vida, um Detetive, mas não tinha com quem jogar. Sabedores disso seus pais sempre o presenteavam com suéter e Acquaplays para que pudesse se distrair.

O plano do agora terrível Mark era ousado, criar uma rede social, onde todos pudessem colocar a maior quantidade de informações a respeito de suas vidas, seus hábitos e gostos. Ela se espalharia pelo mundo, como um exército vermelho em um tabuleiro de War, derrotando outras redes sociais, até conquistar a Ásia a Oceania e mais um território a sua escolha. Depois iria capitalizar em cima de seu negócio e poder ter todo o dinheiro do mundo, para comprar tudo que desejasse. Poderia comprar a Vieira Souto, colocar quatro casas e um hotel, se tornar um verdadeiro banco. Sua cartada final seria controlar a vida de seus inimigos sem que eles percebessem, assim como em um Jogo da Vida, giraria a roleta e indicaria quantas casas avançar se iria colocar mais um filho no carro, escolher a profissão e se iria se aposentar e viver com a grana das ações da bolsa.

Parece que seu plano deu certo, seus inimigos estão aniquilados, e ninguém sabe qual será o próximo passo do pequeno e vingativo Mark. Vamos acompanhar.

Sabe Quando as Mulheres Dominarão o Mundo?

*CUIDADO: Este texto possui conteúdo machista. Se você queimou sutiã, divide a conta no jantar e diz que não tem TPM, favor pular para o post seguinte.

 Eu trabalho em uma empresa que a maioria esmagadora no quadro de funcionários é composta por mulheres. No meu departamento sou uma ilha de testosterona cercado de TPM’s por todos os lados. São 16 para 1. Se você pensou que sou um sortudo, está muito enganado. Naquela semana que precede o Buarque, isso aqui fica mais tenso que a faixa de Gaza. E ai se eu não dançar conforme tocar a música.

O que vou falar, não é mais nada daquilo que todos nós já sabemos, naqueles emails que compartilhamos em nome do Verrísimo, do Jabor e tantos outros que se propõem a falar sobre o assunto. A famosa guerra dos sexos.

Darei um exemplo. Acabou de ser contratada mais uma mulher para outro departamento, ao lado do meu. Ela fica em uma sala fechada, junto com outra mulher. Apenas as duas parecendo o Glub-Glub dentro do aquário. A coitada mal fala bom dia quando chega, não fala com ninguém, não tem nada no afazeres dela que necessite um contato com este lado, mas quatro mulheres daqui já falaram a mesma coisa, “Olha, ela não me fez nada. Mas meu santo não bateu com o dela”.

Como assim “O santo não bateu”? Uma, ou duas eu até entendo, mas QUATRO. Ai já é um pouco demais. Nem vou falar no caso dos homens que iriam cagar e andar para o funcionário novo, até que ele tentasse se incluir no futebol da quarta e na cerveja da sexta, daí todos teriam a oportunidade de conhecê-lo e só a partir daí saber se ele é um cara legal ou se será zuado para todo o sempre.

Esse tipo de comportamento só me leva à seguinte conclusão. As mulheres NUNCA dominarão o mundo. Temos ai a Dilmão, a Angela Merkel e a Cristina Kirchner, mas se a Michele Obama decidir se candidatar entorna todo o caldo. Imagina a Dilma, “Ai não vou negociar mais as exportações de sapato para a Alemanha porque não suporto aquela cafona da Angela”. Que por sua vez, não vai querer renegociar os juros com a Cristina, pois os tapetes da Casa Rosada cheiram a mofo.

Claro que podem vir aqui às feministas e dizer que não é nada disso que eu estou falando, que é um absurdo, e que eu sou machista e preconceituoso. Sim eu sou. Mas a grande maioria das mulheres age de uma maneira que só me faz pensar desta forma. São elas que devoram potes de sorvete na TPM e reclamam que não tem roupas para vestir porque estão gordas, que acham que homem tem que pagar a conta, mas discursa na frente das amigas que dividi tudo para mostrar que é independente, que ainda fica esperando o príncipe encantado ligar no dia seguinte, e todos os outros exemplos que vejo aqui todo santo dia.

Portanto mulheres, a culpa não é nossa. É de vocês.


Cavar!

Decidi cavar um buraco e nele me enterrar,

Mas antes o fundo do poço desejei encontrar.

Joguei muita terra para cima, até o sol não mais enxergar.

Mesmo assim não estava satisfeito, e pá atrás de pá eu tratei de cavar.

Silêncio. Nenhum bicho a grasnar.

Acho que agora o caminho consegui alcançar.

Um lugar no mundo, mudo. Onde não há ninguém a falar.

Foi esse silêncio que vim buscar.

Senhor diabo, faça o favor de me dar.

Aceito minha alma trocar.

Só por um momento me faça escutar.

O tique-taque do relógio a rodar.

Sei que isso está parecendo a velha a fiar,

Mas para algum lugar esse buraco terá que me levar.

Nhoque da Fortuna

Hoje o dia começou animado aqui na repartição. Tudo por conta do dia 29 de fevereiro, dia de São Pantaleão. Segundo a lenda, o Santo vestiu-se de andarilho e, ao entrar em uma casa de uma família muito pobre, foi oferecido a ele um prato de nhoque. Mas era tão pouco que foi dividido, resultando em sete nhoques para cada pessoa. Depois de comer, o santo foi embora . Quando a anfitriã retornou, encontrou uma fortuna debaixo da mesa.

Portanto, hoje é dia de comer o Nhoque da Fortuna! Pelo que me explicaram, você tem que comer os sete primeiros nhoques fazendo um pedido para cada. Depois pode saborear o restante. Porém, antes de se iniciar a comilança, é preciso colocar uma nota de qualquer valor embaixo do prato.

Mas, assim como no ano novo, acredito que para a simpatia dar certo temos que fazer uma boa oferenda. Explico. Na virada do ano todo mundo joga flores, sabonetes, perfumes e champagne para Iemanjá. Já repararam que no dia seguinte a praia está uma sujeira só? É claro, ela recusou todos aqueles presentes. Não vai achando que é só ir até a Praia Grande, comprar uma Sidra Ceresér, um sabonete qualquer e uma Alfazema que vai conseguir ter aquele emprego que sonhou ganhar na mega-sena e trazer a pessoa amada de volta. Com o Nhoque da Fortuna é a mesma coisa. Quer ficar rico? Coloca uma nota de 100 Euros embaixo do prato. Ou você acha que colocando dois reais embaixo do prato, São Pantaleão vai perder o tempo dele atendendo seus pedidos?

 Eu já saquei uma onça e vou deixar ali bonitinha… Vai que funciona!

Uma reflexão de merda!

Foi justamente em um dos únicos momentos do dia em que paro para pensar na vida, que comecei a pensar na idéia deste texto. Não! Não foi sentado no trono (mas iria a calhar também), mas embaixo do chuveiro que comecei a pensar em como esses poucos momentos fazem toda a diferença na nossa vida.

Vivemos cada dia correndo mais e mais, sabe-se lá para se chegar aonde, mas continuamosem frente. E observando as pessoas aqui da repartição, vejo que muitas nem água conseguem tomar durante o dia. Além de todos os problemas fisiológicos que isso pode acarretar, a pessoa não tem um tempo para respirar fundo, dar um gole naquela água gelada, senti-la descendo pela garganta até se perder pelas entranhas do nosso corpo.

Certa vez um médico me disse que tenho tanta pressa que nem paciência para cagar eu tinha. Sentava no vaso, conta até três e já saia do banheiro, serviço feito ou não. A partir daí comecei a valorizar as minhas idas ao banheiro, visando melhorar o funcionamento do organismo sem ter que recorrer a iogurtes, coisas naturais ou qualquer outra coisa que o valha. No começo foi um sacrifício, um martírio, ficar sentado lá olhando para as paredes, reparando nas rebarbas do azulejo… Até o dia em que comecei a pensar na vida, nos problemas e tudo mais que estava acontecendo no meu dia. Foi uma verdadeira descoberta, um mundo novo surgiu deste então.

Cada um tem uma maneira de ter o seu momento de reflexão, seja ele antes de dormir, embaixo do chuveiro ou sentado no vaso. Mas voltando ao começo do texto, vivemos correndo e se não temos tempo de beber água, tampouco teremos tempo para tomar um belo banho, daqueles que enfumaçam o banheiro todo. Pensar antes de dormir? Imagina! O corpo cai na cama e você não consegue nem programar o celular para despertar no dia seguinte.

Talvez seja esse um dos principais motivos do stress coletivo. Não temos tempo para essas pequenas coisas, que vão se somando aos problemas maiores, e lutamos para resolver tudo. Queremos abraçar o mundo e nos tornarmos o Messias prometido, pacificando as guerras entre os vizinhos, a cunhada que é insuportável, o cachorro que late de madrugada.

Não meus caros! Vamos nos atentar apenas ao nosso umbigo. Sejamos individuais, mas não individualistas. Saibamos conviver em grupo, mas demarcando o nosso território, o nosso tempo, as nossas necessidades. Mesmo que ela seja apenas… UMA SIMPLES CAGADA!

 

Por uma vida menos integral!

Esta semana estava sem vontade de almoçar, então fui a uma doceria que fica perto do meu trabalho a fim de comprar algumas besteiras para comer durante a tarde na hora que a fome batesse. A oferta de guloseimas é sem fim, desde dip n’ lik, passando por tubos de pringles até barras gigantes de kit-kat. Mas fui objetivo e peguei apenas um pacote de Fandangos de presunto, o meu favorito desde criança, um pacote de trakinas de morango, outro xodó dos tempos de escola e alguns dadinhos e guarda-chuvas de “chocolate”, daqueles bem vagabundos, que o mais próximo do chocolate que aquilo tem, deve ser o apelido do operador da máquina que embala os doces. Mas compra feita, voltei para o escritório todo feliz da vida onde teria uma tarde cheia de açúcares e gordura.

Comecei a reparar nas novas embalagens e já fiquei intrigado, na do salgadinho estava em letras enormes “Sem gordura trans” e na da bolacha a receita mudou e agora contém farinha integral no biscoito. Abri o pacote e biscoito continuava apetitoso como antes, ao menos era o que me parecia antes de colocá-lo na boca. O gosto de farinha já me deixou com vontade de jogá-lo fora, falta de educação seria oferecer aquela coisa horrível para alguém. Tentei comer mais um para ver se não era problema do paladar. Cheguei a consultar a validade, mas ainda faltava mais de um ano para vencer. O problema era a tal da farinha. A fórmula da bolacha que por muitas manhãs me alegrou foi alterada, sem consulta aos consumidores, o que chega a ser um desrespeito. Tais questões em um mundo perfeito deveriam ser convocadas um referendo nacional e decidirmos nas urnas se mudariam ou não à receita original.

Decidi partir para o Fandangos, esse seria menos inofensivo, agora ele era assado, ao invés de frito, o que faria muito bem para o meu colesterol, que não sei a quantas anda, mas isso é uma coisa que só irei me preocupar quando for um homem 3D, ou seja, três dígitos na balança, de resto continuarei a minha vida se me preocupar com isso. Abri o pacote e percebi que o salgadinho realmente estava mais seco, na ponta dos dedos já não ficava mais grudado o farelo, que contrariando nossa boa educação enfiávamos na boca e lambíamos tudo, sem deixar o menor vestígio de sal ou gordura. E assim comi o saco inteiro e Não foi surpresa nenhuma não encontrar mais aquele farelo delicioso no fundo, aquele que esticávamos o saco e inclinávamos a cabeça para trás e ele escorregava maravilhosamente para dentro da nossa boca e passando e depois de engolir passávamos a língua nos lábios, como sinal de saciedade. Só me restou os dadinhos e os guarda-chuvas de chocolate, esses não poderiam me desapontar. Eles permaneciam mal embalados, e isso era um bom sinal, os cabinhos continuavam com rebarba, feito com aquele plástico bem ruim, e que mesmo assim ficávamos mascando incansavelmente depois de comer o chocolate. Quando abri o primeiro dadinho percebi que ele estava mais claro, mais pálido, quase sem vida. Pensei que talvez fosse apenas por estar velho, mas não, definitivamente não. A geração saúde chegou até a fábrica de dadinhos. Ele esta agora sem gosto, sem gordura, sem nada. O espírito saudosista estava ganhando força e esse é um que eu gosto de deixá-lo bem escondido, não gosto de viver de passado. Mas foi um golpe duro demais para mim, uma seqüência de chutes e socos que me senti o Belfort apanhando do Anderson Silva.

Para minha sorte, aqueles pequenos chocolates mantiveram suas raízes, o gosto de gordura saciou meu paladar e ao menos pude ser feliz em alguns segundos. Tamanha frustração foi o meu almoço. Justo eu, que acredito que um dos poucos prazeres dessa vida é justamente esse, poder saborear uma boa comida, com todos os ingredientes que compõem o figuro, não poderia estar vivenciando aquilo. Me vem logo à cabeça um mundo cheio de pílulas iguais as de astronauta, comidas cada vez mais sem gosto, sem vida.

Culpa de quem? Dessa geração saúde, viciada em barrinhas de cereais feitas de serragem com granola, que passa a vida comendo sementes e folhas, e faz o paladar esquecer o sabor da vida. De uma picanha bem suculenta, com aquela capa de gordura, ou então de uma macarronada com muito queijo ralado. Trocam tudo isso por um prato de alface e chicória, e uma porção de frutas secas. Sacrifícios para alcançar um corpo perfeito, e exibi-lo por ai como se exibem os frangos que ficam a girar nas padarias de domingo.

Outro quarto, outro mundo!

Voltando para a minha nova casa, me peguei pensando em quantas vezes nos últimos anos disse “Eu poderia viver dentro do meu quarto tranquilamente. Lá tem tudo que eu preciso”. Hoje eu tenho um quarto, apenas um quarto e com sorte um banheiro.  Não preciso dividi-lo com ninguém. Ao contrário de muitos amigos que conheço que não contam com tal privilégio como eu.  Algumas pessoas não são apegadas a essas comodidades, mas eu ainda sou um espírito em evolução e preciso de um banheiro só meu, talvez possa dividi-lo no máximo com a minha namorada e família. De resto vou me sentir um palestino invadindo Israel.

Chegando em casa, ao abrir a porta e cobrir o pequeno cômodo com os olhos exclamei “quantas vezes falei e ouvi. Posso viver apenas com isso”. Desprezando o resto. Como fiz sempre com a minha velha casa. Tinha sala e cozinha, a área de serviço tinha uma bela vista, dava para ver a Marginal cortando São Paulo e boa parte da Zona Norte, o Playcenter, o Bairro do Limão e mais para longe Santana. Mas poucas vezes fiquei por lá contemplando o nada. A mesa de jantar quase nunca usei, a não ser para jogar o jornal do dia e as correspondências. A rede na sala era algo fantástico, mas conto nos dedos o tempo em que me deitei para assistir tevê por ali.

Passei os últimos 4 anos dentro do meu quarto, de onde conversava com meu pai apenas quando escutava alguma coisa através dos fones. Pensei que viveria por mais alguns anos naquele pequeno mundo, com meus livros, DVDs, a cama e o computador.O típico mundo de um capricorniano. Mas isso é assunto para outro post.

Mas a roda da vida girou e agora após seis meses estou em outro quarto. Que no momento posso chama-lo de meu, pela bagatela mensal de muitas moedas de ouro. Uma cama, um computador, um armário. A casa não é minha, falta liberdade, e privacidade, por mais a vontade que a dona da casa me deixa. Mas faltam os meus copos, os pratos, o sofá e a mesa para deixar as correspondências. Falta a minh’Alma neste lugar. Fincar a minha bandeira e marcar meu território. Fazer xixi no carpete, roer o batente e latir para as visitas. Esta faltando a minha casa.

Posso falar por mim, e aprendi a não medir as pessoas pela minha régua, portanto agora penso, que dei mais importância para algumas coisas e pouca para tantas outras, achando que elas estariam sempre ali ao meu alcance, mas quis o destino leva-las para longe. Algumas eu nunca mais terei e tantas outras terei um longo caminho a percorrer para poder reencontra-las. Estarei pronto para essa caminhada? Só o tempo terá a resposta.

Os números de 2011

Os duendes de estatísticas do WordPress.com prepararam um relatório para o ano de 2011 deste blog.

Aqui está um resumo:

Um comboio do metrô de Nova Iorque transporta 1.200 pessoas. Este blog foi visitado cerca de 7.800 vezes em 2011. Se fosse um comboio, eram precisas 7 viagens para que toda gente o visitasse.

Clique aqui para ver o relatório completo