Arquivo mensal: abril 2011

O Fim do Mundo e as Promessas de Fim de Ano

Imagine acordar no dia 21 de dezembro de 2012. O tão esperado dia do fim do mundo segundo o calendário Maia. Você se levanta, toma banho, escova os dentes e prepara o café da manhã. Olha pela janela e o sol brilha intensamente no céu azul como brilhou durante todos esses anos. Sai para o trabalho, cumprimenta o Francisco na portaria, e a vida segue a sua rotina, apesar daquela sensação estranha que essa história de fim dos tempos causou durante anos. Você ouve algumas piadas sobre o assunto durante o trajeto até chegar ao escritório. Chega até olhar duas vezes para atravessar a rua, vai que esse seja o dia do seu fim do mundo. Mas nada anormal acontece. A não ser o seu chefe que está com a cara da besta, inclusive soltando fogo pelas ventas, até parece que os anjos do apocalipse passaram por lá.

O dia transcorre naturalmente e por muita vezes você esquece que aquele seria seu “último” dia na Terra. O relógio marca cinco minutos para o final do expediente, o céu começa a fechar, formando uma daquelas tempestades de fim de tarde, todos praguejam como as pragas do antigo Egito, lamentando já pelos ônibus lotados e os engarrafamentos. Eis que num rompante céu e terra se abrem, estremecendo a tudo e a todos.

Inacreditavelmente uma luz branca e outra vermelha se espalham, e ao mesmo tempo Deus e o Diabo aparecem na Terra. Os dois com pergaminhos nas mãos. O Coisa Ruim com um sorriso nos lábios de vitória que intriga a todos. Naquele momento tudo está paralisado, inclusive o tempo, relógios, celulares, nada funciona. Todos estão estarrecidos olhando aquelas duas figuras que até então só habitavam a imaginação coletiva.

Uma voz calma e serena começa a ser ouvida por todos, é Deus quem começa a falar: – Queridos filhos, a tão esperada hora chegou. Depois de tantos sinais através de desastres naturais que enviei, não obtive exito. E agora meu amigo aqui terá que fazer o serviço.

Histeria coletiva, todos corriam, procurando abrigo, se esconder sabe-se lá do que, afinal de contas ninguém gostaria de ir diretamente para o inferno. Os mais fervorosos se ajoelham e rezam sem parar. Até que o Belzebu desenrola o seu pergaminho gigante, nele pode se ver milhares de nomes escritos em vermelho. Uma porta cavernosa se abre atrás dele e só o que se pode ver são labaredas imensas de fogo chicoteando o ar.

Sua voz estridente pode ser ouvida por todos: – Terríveis pecadores chegou o momento, levarei todos vocês para o lugar que merecem. Arderão para toda eternidade no fogo do meu inferno. A risada só foi abafada por um pigarrear do Todo Poderoso – Calma lá chifrudinho, não vai chegar aqui no meu rebanho e levar todas as minhas ovelhas. Temos um trato e você sabe muito bem qual é!- Como eu estava falando – Prosseguiu o Criador. – Eu e o camarada lá de baixo, cansamos dessa vida desregrada de vocês. E decidimos dar um basta. É muita inveja, mesquinharia, petulância. Um querendo passar o pé no outro, uma corrida desenfreada pelo sucesso e fortuna. Só que tem uma data no ano que todo mundo nos enche a paciência. – Discursava o Senhor – Esse dia é o dia 31 de dezembro, o Réveillon, a virada do ano, o que quer que seja isso. Neste dia todos os tipos de promessas e pedidos são feitos. Fico com as orelhas ardendo de tanta coisa que sou obrigado a ouvir. É gente pedindo emprego novo, as dezenas da mega sena. Marido e namorado eu nem conto mais. E os que prometem fazer regime e parar de tomar refrigerante. Esses são os primeiros nomes na lista do meu amigo infernal.- Prosseguia assim o Criador do Mundo – E todo ano é a mesma ladainha, não vira o disco, parece discurso de politico. – O diabo ao lado só ria e esfregava as mãos, ansioso por aumentar a população do inferno.

Deus, em tom de reprovação continuava: – Meus filhos, criei os dias, os meses o tempo, justamente para que fosse usado com sabedoria. Se não cumprisse um objetivo naquele período, outro ano iria se iniciar e assim poderia começar de novo. Mas não, todo ano vocês repetiam as mesmas coisas. A coitada da Iemanjá não sabe nem o que fazer com tanta flor e perfume que ela recebe. Mas fica triste que é esquecida nos outros 364 dias do ano. Portanto decidi que meu amigo capeta levará todos aqueles que juraram em vão, fizeram promessas e não as cumpriram. Não gastarei meu precioso tempo, com tsunamis, terremotos, planetas Nibirus nem nada.

Então Deus sentou-se em um pequeno banco, seu pergaminho era infinitamente menor do que o do Diabo, e começou a chamar aqueles que fizeram por merecer. Enquanto isso o Coisa Ruim organizava uma fila quilométrica que chegou a dar três voltas ao redor do planeta.

O fim do mundo pode estar próximo. E você? Em qual fila pretende estar? Passamos da hora das promessas, façamos acontecer, façamos por merecer. A hora é agora.

Show do The XX no SXSW!

Garimpando pelo youtube, encontrei um show que o The XX fez no SXSW 2011 ( South by Souwest) maior festival Indie do planeta, que acontece todo ano na cidade de Austin, no Texas.

Para mim uma das melhores bandas que apareceram nos últimos anos, o talentosíssimo Jamie XX produz todas as músicas com uma personalidade absurda no auge de seus 22 anos. Em alguma coluna do Lúcio Ribeiro, ouvi uma expressão por ele citada que adorei, para definir o estilo de som dos XX’s classificando-o como a “revolução do silêncio”. Música para ouvir baixinho, aproveitar cada compasso e se deixar levar pela melodia!

Vale conferir esse delicioso show!

Música da Madrugada!

Sempre que me lembrar, postarei uma música aqui antes de dormir!

Será a Música da Madrugada! Geralmente o que eu estiver ouvindo antes de dormir!

 

Armistice

Dahlias they come from me
A promise to get well
That ain’t working thinking that you’re no good
Don’t worry ‘cuz I’m not the kind that kiss and tell
No Dahlias and Cherry-trees,
I don’t recall them anyway
Some lovers know it ain’t gonna wear out
To each his own the same
Look what you wasted
When the lights are cutting out
And I come down in your room
Our daily compromise
It is written in your signed armistice
And when the lights are cutting out
And I come down in your room
Well well decide as always
Here is your signed armistice
It’s time to follow, not to heat it up
Requesting this plane is a propeller
In the middle of the course when ambitions are low
Head-on close, hang on before you lose control
The octagon logo had to rip it up
The semaphore message on your lips
Some lovers know it ain’t gonna wear out
To each his own the same
What else is wasted ?
When the lights are cutting out
And I come down in your room
Our daily compromise
It is written in your signed armistice
And when the lights are cutting out
And I come down in your room
Well well decide as always
Here is your signed armistice
For lovers in a rush
For lovers always
Foreign lovers in a rush
Keeping promises
For lovers in a rush
For lovers always

Quando avançar o sinal?

 

Sábado a noite. Dia propicio a caça, homens e mulheres esperam a semana toda para “se darem” bem no jogo da sedução. Elas se produzem inteira, cabelo, maquiagem, roupas. Eles não ficam para trás, capricham no perfume, nos acessórios e assim partem para o campo de batalha, seja ele um barzinho, uma balada, um simples programa com os amigos. O importante é não terminar a noite sozinho.

Depois do flerte, do xaveco e toda aquela conversa mole, eis que o beijo acontece, se for bom, pode rolar algo mais intimo. É sobre isso que eu quero falar. Quando é a hora de avançar o sinal?

Homens em 100% dos casos já desejam partir para os finalmente, levar a mulher para a cama no primeiro encontro, e não se importam com as consequências que essa atitude poderá causar. Querem apenas o prazer imediato, sem se importarem com a parceira.

No universo feminino ainda existe uma grande discussão sobre o sexo no primeiro encontro ou não. Existem sites, livros, revistas e tudo o mais para discutir esse assunto tão delicado. Algumas apoiam o sexo, outras dizem que não se pode banalizar assim, e essa discussão será eterna. Mas não quero falar especificamente sobre isso. O que quero falar é sobre a abordagem do sexo masculino frente as mulheres. Na minha humilde opinião, na maioria das vezes em que presenciei algumas cenas de pegação pelas noites da vida, pude observar que o homem sempre buscar ultrapassar o limite do permitido, seja ele uma mão na bunda, ou na cintura, ou um simples abraço mais apertado. Já ouvi muitas amigas e conhecidas reclamando desta atitude, chegam até a usar uma expressão engraçada, classificando o sujeito como “homem-polvo” pois parece que os braços do rapaz se multiplicam e tentam alcançar o maior numero de lugares possíveis naquele momento. Isso acaba causando uma certa luta corporal, e o que era para ser um momento prazeroso, acaba por muitas vezes se tornando algo irritante para a mulher, ter que se desvencilhar do sujeito que apenas quer explorar aquele corpo como se revirasse uma lata de lixo atrás de algum pertence que deixou cair. Não quero generalizar, apenas reitero que são coisas que já vi por ai e experiencias que me foram contadas.

Seguimos. Acredito que Deus não fez a mulher da costela de Adão, e sim de alguma carne bem suculenta do corpo do pobre coitado, tamanha perfeição vejo no corpo feminino. Suas curvas, formas delicadas, peles macias, formam um conjunto realmente divino. Cabe a nós homens respeitar estas deusas quando as possuímos nas mãos. Não digo para não fazer nada daquilo que já mencionei, mas fazê-lo com consentimento. Afinal de contas, se estamos buscando a satisfação carnal e o prazer, é necessário que aconteça para os dois, não apenas para um.

Talvez eu possa ser apenas um daqueles amantes a moda antiga, que não quero saber de números, quero saber de histórias. Não quero acordar na manhã seguinte e anotar no meu caderninho que aquela loira que acabou de se levantar da minha cama era a número 128, mas sim que a fulana, usava um perfume delicioso, tinha um sorriso encantador, e que eu possa contar aquela história para os meus netos, do momento que a vi naquele bar até o momento que despertamos no meu quarto.

Faça por merecer, permita-a conduzir mesmo quando ela quer que você assuma o controle, entre no jogo, desvende todos aqueles mistérios que ela propôs para vocês, com paciência você terá o mapa daquela que literalmente poderá ser uma mina de ouro.

 

P.S: desculpe o trocadilho. Não resisti.

 

Última Viagem!

 

Tudo parecia igual naquela pequena cidade do interior de um país qualquer. Estava tudo no lugar, a praça, o coreto, a igreja, os cachorros, as crianças correndo, o guarda organizando o trânsito de poucos carros que corriam devagar pelas ruas de paralelepípedo. O velho senhor, checa todas as fechaduras da sua velha porta marrom desbotada pela ultima vez. Esconde a chave no vaso de bromélias no canto da varanda, coloca o chapéu na cabeça, e assim começa a caminhar rumo a estação de trens. Um breve aceno ao pipoqueiro, que alimentava os pombos. Uma conferida no relógio da igreja, apertou o passo  para não perder o trem das 14:26.

Comprou o bilhete e esperou por longos quatro minutos, neste tempo pode ler os avisos no quadro da estação, alguns desbotados, com eventos que já ocorreram, algumas propagandas, nada que chamasse a atenção. Apenas um casal de namorados aguardara o trem também. A velha composição faz a ultima curva antes de reduzir a velocidade e adentrar a cidade, no ritmo do lugar, deslizara suave pelos trilhos.

O senhor se acomoda em um vagão aparentemente vazio, a viagem será longa, algumas horas até o reencontro com velhos amigos que o aguardam para um jantar de confraternização. Após soar o apito, mais ninguém embarca, e o trem começa a sacolejar e se locomover rumo ao passado de histórias daquele esquecido senhor. Perdera o contato com a família depois de diversas brigas, os poucos amigos que tinha, se comunicava sempre através de cartas, e os via apenas em três oportunidades durante o ano.

Na primeira parada, algumas crianças acompanhadas de sua mãe e pai adentram a composição, em silêncio, sem notar a presença dele. Começam a conversar, mas ele nem se preocupou em prestar atenção sobre o que tanto falavam, os pensamentos o levaram a um lugar distante dali. Na segunda cidade, um casal de jovens também entrara e sentaram perto dele. Aquelas duas faces pareciam familiares, mas poderiam ser apenas uma vaga semelhança com algum sobrinho ou neto. Sem perceber adormecerá com aquele balançar do trem, e quando despertou o vagão estava lotado, com pessoas ocupando todos os assentos e corredores. Um burburinho ensurdecedor tomou conta do lugar, decidiu levantar-se e caminhar um pouco, esticar as pernas que doíam.

Ao caminhar pelo trem, começou a encontrar alguns rostos conhecidos, notou também comportamentos e diálogos que não lhes era estranho. Chegou a pensar que estivera em um sonho, tamanha realidade com que tudo ali transcorrera. As pessoas pareciam não notar-lhe a presença, e assim caminhando lentamente, presenciou algumas brigas, discussões, conversas que já a tempos não lhe passara a mente. Uma vida inteira estivera dentro daquele vagão, percebeu então sua mãe, sua esposa que morrera ainda jovem, seus filhos que foram criados por sua irmã na capital. Toda aquela vida até então escondida naquela pequena casa em um vilarejo distante, estivera agora diante de seus olhos, os erros do passado encenados na sua frente com todos os personagens e a riqueza dos detalhes. Chorou copiosamente como uma criança, de saudade, de arrependimento, de tristeza e solidão. Presenciou momentos felizes também, e eles ali estavam, raros momentos de felicidade em uma vida marcada por sofrimento e desilusão.

A paisagem lá fora já não importara mais, o frágil senhor, ficou quieto em um canto do vagão, apenas observando sua vida passar literalmente por seus olhos, e assim quando o trem apitou a chegada na penúltima parada, todas aquelas figuras foram desembarcando lentamente em silencio até deixá-lo sozinho. As portam se fecharam e o trem partiu, uma viagem curta até a última cidade. Sem forças mal conseguira se arrastar até o banco mais próximo, e apenas se escorou, se apoiou e ficou de pé. Se recompôs. Alguns tapas no ombro para desamassar o paletó amarrotado, ajustou o chapéu e com os dedos alisou o bigode. Estava pronto para encarar com dignidade a fagulha de vida que lhe restara. Procurou respostas para aquela viagem surreal que presenciara, mas a única certeza que teve, foi que a vida lhe dera um último presente, a oportunidade de  construir um novo recomeço. Os erros do passado não mais poderiam ser reparados, mas descansar em paz era o que desejara depois daquele dia.

Assim que a porta se abriu, seus três amigos de velhos tempos o aguardavam na plataforma. Sem notar a movimentação das pessoas, não percebeu que junto a eles, um casal de meia idade os acompanhara com algumas crianças. Era seu filho mais velho com a esposa e seus netos. Entre malas, transeuntes e fumaça, um velho laço de família se restabelecera, e dessa vez para todo o sempre.

Por que escrevo?

 

Engraçado essa história de escrever. Sempre gostei de colocar as ideias no papel, mas acreditava não levar jeito para a coisa. Nos tempos da escola tinha até certa facilidade nas aulas de redação, não era um exímio escritor mas também não fazia feio. Apenas ordenava os pensamentos de forma simples como mandara o professor. Sem grandes dificuldades.

Gosto do papel, pegar a caneta e deixar que as palavras saiam através daquela pequena ponta esferográfica. Quando erro, rabisco por cima de tudo. Borracha é uma coisa que não gosto de usar, errar, apagar e passar por cima não é algo que faço no papel, muito menos na vida. Risco, de uma vez, para saber que ali errei e nada apagará aquele ponto.

Na adolescência, a timidez tomara conta de mim, não somente de mim, como todos os garotos de minha idade. Aquela fase que se quer chamar a atenção do sexo oposto sem saber como, a voz começa a engrossar e muitas vezes nos trai, dando aquelas terríveis desafinadas. Decidi então colocar aquilo que sentia no papel. Tenho dó das meninas que chegaram a receber alguma cartinha que escrevi. Aproveito o espaço para me desculpar. Naquela época na existia e-mail, então folhas e mais folhas de caderno eram gastas para escrever timidamente meia duzia de linhas fazendo juras de amor. Eu ia mais longe, sempre gostei de música, e separava um trecho de qualquer uma, para impressionar e colocava na carta.

Com a internet decidi escrever um, dois, cinco, dez blogs. Perdi a conta de quantos comecei e deixei perdido durante todo esse tempo. Escrevia sobre a minha vida, os acontecimentos que nela se passaram, coisas de adolescente. Mas percebi que a forma que melhor me expressava era através da escrita. Mas tal descoberta só chegou com a vida adulta.

Em uma fase meio complicada da minha vida, não tinha quem quisesse me ouvir, não da forma como o papel me ouve, ele apenas me da asas as minhas ideias lisérgicas, desopila meu coração, uma certa fuga da realidade, porque não?!. Cada um busca fugir de seus problemas, medos e aflições de alguma forma, eu escrevo. Afinal de contas, lágrimas já caíram sobre elas, sorrisos ela já ganhou, declarações de amor eterno então, perdi a conta.

Decidi expor todos os meus sentimentos de maneira crua, viva. Abria o bloco de anotações e “regurgitava” tudo aquilo que estava entalado na garganta. Corrigia a ortografia, passava para o computador e postava no blog. E assim fiz por muito tempo, as vezes ainda faço, e de certa forma se torna uma coisa saudável. É como se me atirasse em um abismo de mim. Vou até o fundo, onde nunca pensei existir, até me encontrar. Dou a mão para mim mesmo, naquela escuridão e trago-me para a superfície, para a luz, para a realidade. Outras vezes abro a janela do meu quarto, contemplo a lua e me atiro naquele céu estrelado, e entre nuvens o meu pensamento se esvai. Até aterrissar em um ponto final.

Assim peguei o gosto pela escrita. Já me falaram que eu deveria escrever um livro. Acho que isso é um elogio para um mero expositor de sentimentos tão pequenos, talvez um dia, com mais preparo e técnica, eu possa pensar na ideia de escrever contos, pequenas histórias, juntá-las e tornar-las um livro, mas por enquanto esse divã continua tão confortável que irei aproveitar mais cinco minutinhos.